sexta-feira, 6 de novembro de 2009

12 anos depois....

protesto

Eis a Arrábida
depois do impacto do cometa Expo 98

Eis a gigantesca cratera, de vários hectares de área , desbravada pelas pedreiras em pleno Parque Natural da Serra da Arrábida. Este é o preço visível a pagar pela Ponte Vasco da Gama e pela Expo 98, as grandes obras do Regime. Mas é também, o preço a pagar por um país onde a protecção do património natural e do ambiente não passam de uma farsa Eleitoral. Nenhum país civilizado do mundo consentiria isto. A desgraça da Arrábida é ser Portuguesa: se se livra de uma ocupação Selvagem, leva com uma urbanização legal e igualmente selvagem, se consegue escapar a outros pedidos de urbanização, não escapa às pedreiras. Alguma coisa se há-de sempre inventar porque os portugueses, decididamente, detestam a beleza natural do país que herdaram. Nada nos trava, nada nos comove, nada nos convence. O nosso destino é tornarmo-nos na Reboleira da Europa, à beira-mar.

Nota: Noticia da edição n.º. 74 Maio de 97 da revista Grande Reportagem

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Algar por Um Dia

A destruição total do maior poço subterrâneo alguma vez descoberto na Cadeia da Arrábida.
A 10 de Outubro de 1999, fomos informados por um trabalhador da pedreira Sobrisul que nesse dia, um Sábado, tinha sido posto a descoberto um enorme buraco dentro da pedreira.

No dia 11, aproveitando que a pedreira não estava a trabalhar, fomos averiguar e de facto lá estava o dito “buraco”. Tinha-nos sido dito, pelo mesmo trabalhador, que tinham estado durante toda a tarde de Sábado, com carros, a descarregar pedras com a intenção de o tapar ou disfarçar, mas não conseguiram.

Tratava-se de um enorme algar a 240m de altitude sobre uma entrada muito fracturada e perigosa. Para evitarmos a queda de alguma pedra, colocamos um ferro grosso atravessado no centro do poço e descemo-lo.

Depois de terem estado a deitar pedras lá para dentro, ainda descemos 18m até uma parte onde o poço se unia a outro. Estavam separados por muito pouco e ambas as paredes eram bem concrecionadas por mantos calciticos e formações como “asas de borboleta”.

Era o algar mais belo que vi até hoje, um património digno de ser visto por mais olhos, uma mais valia que poderia ser acrescentada ao restante património natural existente na Arrábida.

Saímos sem saber bem a quem recorrer para defender aquilo que tínhamos constatado, na Segunda-feira seguinte fomos contactados.

A pedido do Parque Natural, quatro elementos da nossa equipa dirigiu-se à pedreira na companhia de um técnico seu e de um responsável da pedreira. O dito responsável, com um ar intimidante, lá nos levou à entrada do buraco.

Voltamos a desce-lo para topografa-lo, fotografa-lo e fazer um relatório de observação.
No dia seguinte o algar deixava de existir, foi definitivamente entulhado para que uns tantos miseráveis poderem continuar a enriquecer com a destruição do bem comum gerando, pouco a pouco, miséria nas gentes locais e no património, que para além de estarem dentro de um parque natural, pouco lhes vale.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Petição em defesa do Sitio Sicó – Alvaiázere Rede Natura 2000

Divulgo esta petição contra o aumento de área da Pedreira dos Penedos Altos em:

O Sitio Sicó- – Alvaiázere Rede Natura 2000 (PTCON0045), está uma vez mais à beira de que seja aprovado outro atentado ao seu Património Ambiental, contrariando os acordos Comunitários sobre Ambiente e a Resolução do Conselho de Ministros nº 76/2000 5 de Julho.Terminou no dia 27 de Abril de 2009 o prazo de consulta do processo de avaliação pública sobre a avaliação de impacte ambiental do projecto “Ampliação da área de exploração da pedreira nº 5257 – Penedos altos nº 4”.Como cidadãos livres, informados e imparciais, longe de quaisquer interesses obscuros e de instrumentalização política, vimos através desta petição pedir a todos aqueles, residentes ou não, que gostam ou se interessam por esta bela região, que assinem e divulguem esta petição no sentido de impedir que o bem comum seja perdido a desfavor do bem privado.

Tal como na nossa Arrábida, os prevaricadores em lugar de serem educados pelos governantes, alastram, protegidos por esses mesmos governantes escondidos atrás dos seus miseráveis gabinetes brincando com o bem público.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Quem é que os leva a sério?

Parque Natural

Área que se caracteriza por conter paisagens naturais, seminaturais e humanizadas, de interesse nacional, sendo exemplo de integração harmoniosa da actividade humana e da Natureza e que apresenta amostras de um bioma ou região natural.


Na prática



Sinceramente, o que faz falta ao ICNB é mudar a sua sigla para ICMB (Instituto da Conservação da Mentira & Brincadeira).

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Gruta do Zambujal, Sesimbra.

Descoberta a 18 de Junho de 1979 na frente de lavra da pedreira Tecnobrita, levou ao embargo da exploração da pedra, devido à intervenção do Presidente da Câmara de Sesimbra, Ezequiel Lino. Foram colocados guardas junto às entradas e pedidos pareceres a geólogos ( Profs. Georges Zbyzewski e Veiga Ferreira ) e à Associação Portuguesa de Investigação Espeleológica. Com base nesses pareceres, foi decretado sítio classificado de interesse espeleológico, pelo Decreto-Lei 140/79 de 21 de Maio. O ponto 3 do artº 3º não foi cumprido, visto que até à data não se publicou qualquer regulamento de funcionamento e defesa do sítio. No local, procedeu-se entretanto ao encerramento, com grades de ferro, das duas aberturas conhecidas. Para evitar trepidações nas áreas próximas, a Tecnobrita recebeu, por troca uns terrenos na Serra da Achada, próximo do Calhariz, em pleno Parque Natural da Serra da Arrábida. Posteriormente, uma das grades de uma entrada é destruída, o que permite alguns actos esporádicos de vandalismo, especialmente na sala superior. Entre Setembro e Novembro de 94 a exploração de pedra que avançava por Sudeste do local, causa ( devido à utilização de cargas explosivas) danos graves na Gruta, originando grandes fendas e fissuras longitudinais e transversais que fazem desabar parte do tecto da sala superior.
Em 1998 é constituída a Sociedade Grutas Senhora do Cabo cujo capital social (5 mil contos), é detido em 30% pela Câmara de Sesimbra, 30% pela Tecnobrita e, 40% pela Proporção.

A SGSC candidata-se com um projecto ao SIFT, a fundo perdido, do Fundo do Turismo, uma verba próxima dos 250 mil contos. Em Janeiro de 1993 o Sr. José Galo adquire os terrenos à Tecnobrita e os respectivos 30% do capital social da SGSC, pelo valor de 125 mil contos. Durante 1993 o Sr. José Galo adquire os 40% detidos pela Proporção, ficando assim com 70% do capital social da SGSC contra os 30% da Câmara de Sesimbra. É criada entretanto a Jovigruta a quem o Sr. José Galo cede o total da sua participação no capital social da SGSC. De salientar que a Jovigruta, é constituída pela mulher, filhas do Sr. José Galo, genro e pelo próprio. A SGSC nunca fez nada de visível no local, e é constituída maioritariamente por outra empresa que pertence na totalidade aos familiares da mesma pessoa que detém a exploração das pedreiras. Até ser descoberta, a gruta estava conservada do contacto directo com o ambiente exterior, excepto pelas ligações fissurais e intersticiais, possuindo então uma fauna cavernícola com espécies não anomizadas.
Desde a sua descoberta que a Gruta do Zambujal vem sofrendo contínuos atentados, que acabarão por acarretar a perda deste importante património, caso não sejam tomadas medidas urgentes no sentido da sua real protecção e conservação.

O monstro já era assim em 1998.

O monstro visto do espaço.



quinta-feira, 23 de abril de 2009

Jazida de pistas de dinossauros da Ribeira do Cavalo, Sesimbra.

Segundo o jornal do Centro de Arqueologia de Almada, al-madan 11ª série nº 4 Outubro de 1995, a jazida de pegadas de dinossáurio da Ribeira do Cavalo foi descoberta, em 1989, pelo Prof. Miguel Magalhães Ramalho, do Instituto Geológico e Mineiro. As pegadas encontravam-se impressas numa camada bastante inclinada de calcário micrítico do Jurássico superior, depositado em ambiente de laguna litoral, relativamente confinada e pouco profunda. A laje em causa apresentava, pelo menos, doze pistas paralelas de pegadas tridáctilas produzidas por dinossáurios terópodes (bípedes, carnívoros) muito bem conservadas. Na mesma laje existia ainda, uma pista de dinossáurio saurópode (quadrúpede, herbívoro) constituída basicamente por impressões muito profundas das extremidades dos membros anteriores. Estas impressões dos autópodes anteriores (das “mãos”) de saurópode apresentavam, de modo muito claro, as marcas dos dígitos e, por isso mesmo, eram consideradas o melhor registo mundial deste tipo de icnofósseis de saurópodes.

Mais de dois anos se decorreram desde a data do pedido de protecção da jazida e a sua derrocada. Durante esse período de tempo várias acções foram realizadas no sentido de acelerar o processo de classificação, dada a situação periclitante da laje que continha as pegadas. Foi enviada uma carta à Câmara Municipal de Sesimbra pedindo que fossem tomadas medidas no sentido de consolidar a laje. Foi contactado o ministério da tutela, o Ministério do Ambiente, solicitando, repetidas vezes, entrevistas à senhora ministra Teresa Patrício Gouveia no sentido de alertar para a urgência da resolução do problema, mas sem qualquer sucesso. Por fim, foi solicitada uma entrevista com o senhor Secretário de Estado do Ambiente, Joaquim Poças Martins, que acabou por ficar agendada para o dia 31 de Março de 1995.

Em 9 de Março de 1995 o inevitável aconteceu, a laje ruiu, ficando assim uma jazida de pegadas de dinossáurios com importância mundial reduzida a um monte de escombros.


Pedreira do Galo, o Monstro visto do mar!